segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Posted by Ana Ingrid on 19:29 No comments

 "Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho do Deus. Repondeu-lhe Jesus: É como disseste; contudo vos digo que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu.Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas?  Eis que agora acabais de ouvir a sua blasfêmia."
Mateus 26:63-65



Quando Jesus afirmou que ele é o "caminho, a verdade e a vida" (João 14:6) e que ninguém chega até Deus a não ser através dele, ele estava conscientemente dando início a uma luta sem tréguas no mundo.

Embora Jesus, também chamado Príncipe da Paz, tenha afirmado que veio ao mundo para que tenhamos vida e, ao partir para junto do Pai tenha deixado com os seus seguidores  a sua paz (João 14:27) , ele deixou claro, em Mateus 10:35-37, que para que haja paz e vida verdadeiras no mundo, é necessário antes que seja feita a distinção entre os filhos de Deus e os filhos do mundo,:
"Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa.Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim."
Obviamente Jesus não estava com isto autorizando que seus seguidores declarassem guerras santas contra os infiéis, nem qualquer tipo de perseguição aos seus opositores. Ele apenas afirmou que essa distinção seria feita naturalmente, através da livre escolha de cada um, pois quem não toma a sua cruz e não o segue não é digno dele (Mateus 10:38).
Como é possível entretanto, em um mundo com tamanha diversidade cultural, que uma única religião se imponha de modo absolutamente hegemônico como a única verdadeira? Se dentro de uma mesma nação já é difícil conceber essa hegemonia, como esperar que povos com histórias e culturas tão essencialmente diversas da história e da cultura judaicas venham a reconhecer em Cristo o único  e verdadeiro Messias, o redentor do mundo? Como aceitar o fato de que Deus tenha escolhido uma nação historicamente insignificante, nascida a partir de longas pelejas contra os povos inimigos que a cercavam, para ser o berço da redenção espiritual de todo o mundo?
A idéia de estar diante de uma única escolha possível é assustadora e inquietante para a maioria das pessoas em nosso tempo, marcado por uma cultura cuja característica principal é a multiplicidade de escolhas. Entretanto, Deus se revelou ao homem uma única vez, através de Israel e por isso o cristianismo é única expressão verdadeira desta revelação. O cristianismo é a primeira e única doutrina verdadeiramente revelada por Deus ao mundo. Deus falou ao mundo através de homens, que registraram a sua mensagem redendora pela inspiração do seu Espírito, e não por inspiração filosófica ou de quaisquer seres espirituais, como ocorreu com as religiões do mundo. Existem dois tipos de fé: a fé humana, instável, estéril e subjetiva; e a fé genuína, que produz salvação e conversão de vida, concedida livremente por Deus aos que sinceramente o buscam. Esta fé verdadeira está ao alcance de todos os que se humilham diante de Deus, reconhecendo a sua soberania e a sua perfeita vontade, bem como a sua total dependência em relação a Ele:
Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte.(1Pedro 5:6)
O cristianismo conseguiu ao longo dos séculos, realizar a façanha de se tornar uma religião universal,sendo professada não apenas nos países do ocidente, mas em vários países do oriente. Muitos se apressam em atribuir esta hegemonia inicialmente à imposição política do cristianismo como religião oficial do império romano por Constantino e depois pela igreja católica romana, no auge de seu poder. Embora isto seja em parte uma verdade, sendo inegável o fato de que várias "conversões" ao cristianismo se deram por motivos puramente políticos (como no caso do próprio Constantino) ou de caráter social, como ainda ocorre hoje, também é inegável que ocorreram e ocorrem muitas e significativas conversões motivadas por uma autêntica manifestação de fé.
 A maior parte das pessoas se lembra apenas da época negra da Igreja Católica Romana, mas não dos benefícios legados pelo cristianismo para a civilização ocidental. Thomas E. Woods, doutor em História pela Universidade de Colúmbia, resgata em sua obra  How the Catholic Church Built Western Civilization (Regnery, 2005) esta memória. Woods lembra que o cristianismo foi o responsável pela maior parte dos fundamentos éticos que formaram a civilização ocidental, como também pelos primeiros passos dados pela ciência e pelo ensino acadêmico, pelos principios fundamentais do Direito e pela criação das primeiras instituições assistenciais.O mérito pela hegemonia alcançada pelo cristianismo ao longo da história, se deve entretanto não aos esforços da igreja instituída, cujos métodos foram quase sempre questionáveis, mas à força da verdade inerente à própria doutrina cristã.
A maioria das pessoas discute religião como discute filosofia,ou seja, com base em um conhecimento apenas superficial. Poucos são os que se dão ao trabalho de aprofundar o conhecimento das diversas religiões e da história do cristianismo. A ignorância espiritual do homem o leva instintivamente a repudiar a idéia da hegemonia cristã. Independentemente do conflito ideológico causado pelo evangelho cristão, que aponta as tendências naturais humanas, produzidas pelo egocentrismo e pelo hedonismo como frontalmente contrárias à salvação espiritual, o homem sempre julgou absurda a noção da existência de uma verdade absoluta. Assim, a hegemonia cristã, inerente à sua própria doutrina, é sempre vista com antipatia pelos adeptos de outras religiões e também por aqueles que afirmam não professar religião alguma. 
Entretanto, essa antipatia é em grande parte equivocada, pois em nenhum momento um cristão verdadeiro afirma ser o "dono da verdade", mas apenas que o evangelho de Cristo e todas as Escrituras são a expressão da verdade absoluta acerca da vida espiritual, revelada por Deus aos seus profetas. A compreensão desta verdade é um processo de iluminação que todo cristão experimenta em sua caminhada espiritual. Ao anunciar o Evangelho, o cristão não está sendo tacanho, arrogante ou intolerante, está apenas cumprindo a chamada "grande comissão", deixada por Cristo aos seus discípulos, registrada nos evangelhos de Mateus (28:19), Lucas (24:47) e Marcos (16:15): "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo." O que se pode questionar, portanto, é a maneira como é praticado o evangelismo, mas não o mérito do evangelismo em si.
Como se não bastassem estes motivos, o homem, ainda em sua imaturidade espiritual, é incapaz de compreender o Deus bíblico, que do ponto de vista humanista e materialista, parece um Deus injusto, arrogante, contraditório, discriminador e cruel.  Afinal, como poderia um Deus que afirma amar o mundo destruir a sua própria criação, condenar pessoas ao sofrimento eterno e negar a salvação àqueles que não ouviram falar de Cristo? Até mesmo a idéia de um Deus pessoal soa tacanha para a maioria dos indivíduos cultos, que preferem a complexa  concepção de Deus presente nas religiões orientais, como um Ser abstrato, absolutamente inacessível à razão humana, uma espécie de energia subjacente a toda a criação. 
Segundo estas religiões, Cristo foi apenas mais um entre os grandes mestres espirituais que vieram ao mundo ensinar aos homens um único caminho de realização espiritual. Isso não é verdade. O caminho que Jesus mostrou aos homens é essencialmente diferente de todos os outros caminhos espirituais ensinados pelos mentores espirituais das religiões do mundo. Na verdade, Jesus não ensina um caminho espiritual, mas ele disse que ele próprio era o caminho e que nenhum homem poderia chegar a Deus a menos que fosse levado por ele (João 14:6). Isto significa que mesmo que um dos grandes mestres espirituais do mundo houvesse ensinado exatamente a mesma mensagem de Jesus, ainda assim este ensinamento não poderia salvar um único de seus discípulos. Somente Jesus tem o poder não só para ensinar, para curar e para libertar da escravidão do mal, mas acima de tudo, tem o poder para perdoar os pecados e para salvar os quebrantados, porque só ele é o Salvador.
O egocentrismo e o orgulho humano impedem os que abominam o único Deus verdadeiro, revelado ao homem através de Israel; de reconhecer que é por causa da dureza de seu coração que se tornaram incapazes de compreender a natureza de Deus e a sua verdade, manifesta ao homem através das Escrituras. O orgulho humano, que impediu que os judeus reconhecessem em Cristo o Messias, sempre foi ; depois do pecado, a maior barreira entre o homem e Deus. Como afirmou Paulo:
"Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é naqueles que se perdem que está encoberto,nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus." 2 Coríntios 4:3-4
A maioria das pessoas vê o cristianismo pela fachada de suas igrejas, e o julga pelo que vêm nelas. Entretanto, as milhares de denominações cristãs existentes não são a verdadeira expressão do cristianismo. A verdadeira igreja de Cristo na Terra é formada pelos seus discípulos aprovados, que se encontram espalhados por estas denominações, em meio a falsos cristãos. Ainda que uma determinada igreja fosse composta apenas por discípulos autênticos de Cristo, ela não seria perfeita. Ela teria ainda muitas falhas, pelo simples fato de que seria ainda composta por seres humanos. 
O cristão não é santificado em um único dia. Da mesma forma que a compreensão da mensagem de Deus nas Escrituras é um aprendizado contínuo; e por isso nenhuma denominação cristã em particular pode reivindicar haver alcançado a plena compreensão da Verdade,  a santificação de cada cristão é também um processo contínuo; e somente vai se completar no mundo espiritual, quando será possível alcançar a plena estatura de Cristo.
O cristianismo é um caminho totalmente diverso em sua essência, dos demais caminhos espirituais  apontados pelas religiões do mundo. Existem três conceitos básicos no cristianismo, entre outros, que o tornam uma doutrina absolutamente única e distinta de todas as outras doutrinas espiritualistas: o princípio da queda espiritual do homem;  o princípio do pecado e o princípio de uma única existência para cada indivíduo. Estes princípios fundamentais contrariam essencialmente os ensinamentos das demais religiões, para as quais os homens não estão irremediavelmente condenados à morte espiritual por causa do pecado, mas apenas separados do Todo ou da Unidade, ao qual devem se unir novamente. O cristianismo afirma ainda, na contramão das demais doutrinas, que cada homem vive uma única vida, após a qual virá o julgamento de seus atos e a sua ressurreição e não um ciclo indeterminado de existências, ao longo do qual evolui espiritualmente até a perfeição.
Cristo afirma que apenas aquele que crê nele pode ser salvo. Isto significa que não podemos, por nossos próprios atos, conquistar a nossa realização espiritual; mas que apenas pela graça de Deus, através do sacríficio vicário de Jesus, podemos receber a salvação e nos realizarmos espiritualmente. Este é um conceito totalmente estranho a todas as outras religiões; que afirmam que o indivíduo deve construir, através de suas obras e da devoção a seus deuses, o caminho de sua própria realização espiritual. Fica claro portanto que a idéia de que todos os caminhos levam a Deus é absurda. Ou é Cristo que reconcilia o homem com o Criador ou são as religiões do mundo que conduzem o homem a Deus. Esta é uma conclusão que produz uma grande tensão existencial, cultural e até mesmo política e por isso a ideologia humanista que rege o mundo prefere ignorá-la, insistindo na isonomia das doutrinas religiosas.
Esta atitude conciliadora, ecumênica e universalista entretanto não subsistirá por muito tempo. Cristo demanda de cada homem uma decisão, um posicionamento com relação à sua vida espiritual. Não existem posições de meio termo, a escolha é clara: com Cristo ou contra Cristo, como ele afirmou: "Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha." (Mateus 12:30). Crer que Jesus é o único caminho para Deus implica crer na Bíblia, de forma integral. Não se pode crer em algumas coisas que estão escritas nela e não em outras. Não se pode mutilar o Evangelho como fazem várias doutrinas espiritualistas e ecumênicas. Ou cremos que Deus é poderoso o bastante para preservar a integridade de sua mensagem ao longo dos séculos, apesar da interferência humana,  ou vamos nos tornar ateus, agnósticos ou o que é pior,buscar falsos caminhos espirituais ou ainda, como fazem muitos, inventar o nosso próprio Deus e a nossa própria religião. 
O Reino de Deus já chegou ao mundo e no fim dos tempos o anjo do Senhor fará a colheita e a separação entre o joio e o trigo. Os cidadãos do Reino de Deus reinarão com Cristo, mas os cidadãos do mundo perecerão, por sua própria escolha, com o Príncipe deste mundo.

Fonte: www.portasabertas.com
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